Comunidade Católica Betel e a Exclusão Social

    A história do povo de Deus inicia com a revelação e escolha que Javé faz de um povo que sendo escravo numa terra estrangeira se torna alvo de sua ação libertadora. Com esse povo Ele se comprometeu não só tirá-lo da escravidão, mas dar-lhe a posse de uma terra como herança perpétua, na qual gozaria de liberdade efetiva e prosperidade. Com ele, Javé firma uma Aliança, na qual Ele estaria para sempre comprometido com “seu povo”.

    Chegando à plenitude dos tempos o Senhor Deus renova sua Aliança, agora não mais firmada em sangue de touros ou carneiros, mas firma-a no envio de seu Filho Amado, que compreende e realiza plenamente o Projeto Divino e por ele entrega toda a sua vida derramando o seu sangue na cruz (que se tornou o símbolo da Nova e eterna Aliança). Com isso a primeira Aliança fica caduca e inaugura um novo tempo, o tempo do Reino de Deus que é caracterizado na revelação explícita de Deus, como Pai amado e misericordioso e pela inclusão social daqueles que estavam a margem da sociedade em sua época, os quais a partir do contato pessoal com o Cristo, se vêem novamente inseridos em seu convívio social e livre de toda e qualquer exclusão.

    Por isso, podemos dizer que a ação pastoral de Jesus sempre objetivou um projeto de felicidade que incluísse um maior número de pessoas, enquanto que a ação individualista objetiva o menor número possível de pessoas, formando com isso grupos de privilegiados.

    A exclusão sempre foi vista pelo Senhor Deus e pelo Cristo como algo abominável, e em todo o processo da revelação ela foi combatida, porque contradiz em tudo o projeto de vida e de felicidade pensado pelo Criador para com sua criatura. Por outro lado, essa realidade de exclusão, além de contrariar a realização humana, reduz a possibilidade de plenitude de vida, pois ao visar apenas alguns que se poderiam considerar “privilegiados”, os tornam insensíveis e egoístas, organizados em guetos fechados que querem que as coisas girem sempre em torno de si, inviabilizando dessa forma a construção de uma sociedade solidária e igualitária. O fruto de tal ação é uma sociedade de desiguais, onde uns tem demais e outros quase nada. Por isso numa sociedade que é constituída com tais pilares se torna quase “natural” deparar com quadros complexos e escandalosos tais como: crianças, jovens e adultos abandonados, na qual uma cultura de morte tem seu império garantido e justificado.

     Hoje nós que nos reconhecemos como cristãos, somos chamados a dar continuidade ao Projeto de vida iniciado com o surgimento do povo de Deus e aperfeiçoado pelo Cristo que rejeita e nega todo tipo de exclusão e opressão.

    Contudo, nós Comunidade Católica Betel, uma vez reconhecidos como Casa de Deus, Oásis no Deserto e Porta para o Céu, deve ser nossa primeira atitude pensar e esforçar para que o projeto de inclusão não seja apenas idéias de discursos que anestesiam as consciências, mas sim uma concreta e real ação evangelizadora, que desenvolva uma profunda conversão do coração e se concretize num anúncio explícito, no qual demonstra o Evangelho de Jesus Cristo em toda a sua força, que ao ser proclamado realiza em seus ouvintes a proposta de libertação e salvação que lança a pessoa na perspectiva do Reino que se manifesta nas palavras de Jesus: eu vim para que todos tenham vida e, vida em abundância, e a partir de então, os banquetes realizados já não se destina mais aos grandes, mas aos pequenos e desprezados pelos poderosos da sociedade. Dessa forma cumprem-se as profecias, nas quais a justiça do Reino é visível, pois este não visa um grupo específico, mas se constitui pela multidão daqueles que ouvem e põem em prática as Palavras de Jesus.

José Omar Rodrigues Medeiros
Fundador da Comunidade Católica Betel
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